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set 22, 2021 331 0 PADRE JOSEPH GILL, USA
ENVOLVA-SE

Q & A

Q. Essa crise do vírus me fez perceber o quão curta é minha vida, e agora estou começando a me preocupar – preocupar-me em adoecer e temer a morte. Como posso estar em paz sem saber se vou adoecer com o coronavírus?

A. Todos os meios de comunicação falado da pandemia do coronavírus com frequencia. É difícil evitar a notícia dessa doença — ela está literalmente em toda parte. Até a Igreja teve que se envolver — todo o País ficou sem missas públicas por vários meses no início deste ano. Eu até vi uma igreja com desinfetante para as mãos nas fontes de Água Benta!

Cautela é uma coisa, mas pânico é outra. Eu acho que muitas pessoas (e instituições!) entraram em um modo de pânico que não traduz a realidade, nem é útil em um momento como este. Aqui estão três coisas para lembrar, pois todos nós buscamos manter-nos saudáveis durante esta pandemia:

Primeiro, não tenhas medo. Esta é uma das citações mais repetidos na Bíblia. Na verdade, diz-se que a frase “Não tenhas medo” aparece 365 vezes na Bíblia — uma para cada dia do ano, porque precisamos ouvi-la todos os dias.

Por que não devemos ter medo? Porque Deus está no controle. Em nossa cultura racionalista e baseada na ciência, tendemos a esquecer isso — achamos que o destino da raça humana está em nossas mãos. Pelo contrário, Deus está no controle, e Sua vontade sempre prevalece. Se é Sua vontade que contraíamos esta doença, devemos entregar nossa vontade à Sua. Sim, tome medidas de precaução, mas em nossos corações não devemos esquecer que nossa vida está nas mãos Dele. Ele é o Bom Pai, que não abandona seus filhos, mas conduz tudo para o nosso bem. Sim, “todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus” – todas as coisas incluem o coronavírus.

Segundo, como cristãos, devemos contar com o fato de que todos nós morreremos. Diz as Escrituras (Romanos 14:8) que “se vivemos, vivemos para o Senhor, e se morremos, morreremos para o Senhor; então, se vivemos ou morremos, somos do Senhor.” Às vezes, pensamos que podemos evitar a morte para sempre, mas não podemos. Nossa vida não é nossa para que nos apeguemos – ela nos foi dada pelo Senhor, emprestada, e teremos que devolvê-la a Jesus de uma forma ou de outra. Que paz existe quando reconhecemos que um dia devolveremos esse presente ao Pai!

Como o escritor cristão John Eldridge disse uma vez: “O homem mais poderoso do mundo é aquele que conta com sua própria morte.” Em outras palavras, se você não teme a morte, então você é invencível. Da mesma forma, uma vez que os cristãos aceitam o fato de que sua vida não lhe pertence, que teremos que ir a Deus de uma forma ou de outra, isso nos liberta da necessidade de temer a morte. Isso nos liberta de nosso apego à vida, como se essa vida física fosse a coisa mais importante para proteger e preservar. Sim, a vida é um dom, e devemos nos esforçar muito para protegê-la. Mas o dom da vida não é absoluto — todos devemos devolver esse presente ao Senhor em algum momento. Seja coronavírus ou câncer, um acidente de carro ou velhice, todos nós iremos morrer. Os cristãos mantêm seu olhar fixo na eternidade, onde a vida nunca vai acabar.

Finalmente, devemos lembrar de nossos deveres para com os doentes. Temos o dever de não abandonar os doentes — mesmo que sejam contagiosos. Como disse São Carlos Borromeo durante a peste de 1576: “Esteja pronto para abandonar esta vida mortal em vez das pessoas comprometidas com seus cuidados.” Recentemente, celebramos o memorial de Santa Francisca de Roma, que viveu no início da década de 1440 durante um período de grande revolta social. Ela dedicou sua vida aos doentes. Ouça as palavras de um contemporâneo dela:

Muitas doenças diferentes estavam sem controle em Roma. Doenças fatais e pragas estavam por toda parte, mas a santa ignorou o risco de contágio e mostrou a mais profunda bondade em relação aos pobres e necessitados. Ela os buscava em suas casas e em hospitais públicos, e refrescava sua sede, suavizava suas camas e cuidava de suas feridas. Quanto mais nojento e repugnante o cheiro, maior era o amor e o cuidado com que ela os tratava. Por trinta anos Francisca continuou este serviço para os doentes e desconhecidos… (“A Vida de Santa Francisca de Roma”, de Maria Madalena Anguillaria).

Nós também devemos procurar maneiras de cuidar das vítimas desta doença. Não os abandonemos! É nosso dever cristão, uma das Obras Corporais da Misericórdia. Tome precauções, é claro, mas se pegarmos o vírus de alguém infectado porque estamos servindo, é uma forma de martírio branco, amor em ação.

E, finalmente, lembramos que tudo isso está nas mãos de Deus. Se for sua vontade que nos mantenhamos saudáveis, vamos agradecer por isso. Se é sua vontade que adoeçamos, então sofreremos por Ele. E se for sua vontade que morramos por causa desse vírus, nós colocamos nossas vidas nas mãos Dele.

Então, sim, tome cuidado, fique em casa se estiver doente (você não está cometendo um pecado se perder a Missa por doença!), lave as mãos e tente se manter saudável. E deixe o resto com Deus.

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PADRE JOSEPH GILL

PADRE JOSEPH GILL é capelão de uma escola secundária e trabalha no ministério paroquial. É licenciado pela Franciscan University of Steubenville e pelo Mount Saint Mary's Seminary. O Padre Gill publicou vários álbuns de música-rock cristã (disponíveis no iTunes). O seu romance de estreia, Days of Grace, está disponível em amazon.com.

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