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nov 13, 2023 132 0 PADRE JOSEPH GILL, USA
ENVOLVA-SE

Porque é que Jesus Cristo teve de morrer por nós?

P – Porque é que Jesus Cristo teve de morrer por nós? Parece-me cruel que o Pai tenha exigido a morte do seu único Filho para nos salvar. Não haveria outra maneira?

R – Sabemos que a morte de Jesus perdoou os nossos pecados. Era necessário? Como é que a Sua morte realizou a nossa salvação?

Pensemos no seguinte: Numa escola, se um aluno batesse no colega, receberá um determinado castigo, como detenção ou suspensão. Mas se esse mesmo aluno desse um murro num professor, o castigo seria mais grave, como a expulsão da escola. Noutro cenário, se o aluno esmurrasse o Presidente, seria provavelmente preso. Por conseguinte, a consequência depende da dignidade de quem é ofendido.

Qual seria a consequência de ofender o Deus todo santo e amoroso? O Deus que O criou a si e as estrelas merece nada menos do que veneração e a adoração de toda a Sua Criação. Quando O ofendemos, qual será a consequência natural? Morte eterna, destruição, sofrimento e afastamento dele. Assim, temos para com Deus uma dívida de morte. Mas não a podíamos pagar porque Ele é infinitamente bom. A nossa transgressão provocou um abismo infinito entre nós e Ele. Precisávamos de alguém infinito e perfeito, além de humano (já que Ele teria de morrer para pagar a dívida).

Só Jesus Cristo se enquadra nesta descrição. Vendo-nos abandonados numa dívida impagável que só nos levaria à perdição eterna, Ele fez-se homem por Seu grande amor para poder pagar a nossa dívida  em nosso nome. O grande teólogo Santo Anselmo escreveu um tratado intitulado “Cur Deus Homo?” (Porque é que Deus se encarnou?). Concluiu que Deus se encarnou para poder pagar a dívida que tínhamos, a fim de nos reconciliar com Ele. Isto realizou-se numa pessoa que é a união perfeita de Deus e da humanidade.

Pensemos também nisso: se Deus é a fonte de toda a vida, e se o pecado significa que viramos as costas a Deus, então o que é que estamos de facto a escolher? A morte. São Paulo diz que “o preço do pecado é a morte” (Rm 6,23) e o pecado provoca a morte de pessoa. Vemos que a luxúria pode levar às doenças sexualmente transmissíveis e os corações dolorosos. Sabemos que a cobiça leva a um estilo de vida pouco saudável, a inveja leva à insatisfação com os dons que Deus nos deu, a avareza leva-nos a trabalhar demais a satisfazer-se e o orgulho rompe as nossas relações com os outros e com Deus. O pecado é verdadeiramente mortal!

É preciso de uma morte para restaurar a nossa vida. Uma antiga homilia do Sábado Santo, na perspetiva de Jesus, diz o seguinte: “Olhai para a saliva no meu rosto, que recebi por vossa causa, para vos restituir o primeiro pro-divino da criação. Veja as pancadas na minha cara, que aceitei para vos remodelar à minha imagem. Veja a flagelação das minhas costas, que aceitei para dispersar a carga dos vossos pecados, que foi colocada sobre as vossas costas. Veja as minhas mãos pregadas na madeira por uma boa causa por vós, que estendestes a mão para a madeira por um mal”.

Finalmente, creio que a Sua morte foi necessária para nos mostrar a profundidade do Seu amor. Se Ele tivesse apenas picado o dedo e derramado uma única gota do Seu precioso sangue (o que teria sido suficiente para nos salvar), pensaríamos que Ele não nos amava assim tanto. São Padre Pio disse: “A prova do amor é sofrer por aquele que amas”. Quando contemplamos o incrível sofrimento que Jesus suportou por nós, não podemos duvidar nem por um momento que Deus nos ama. Deus ama-nos tanto que preferiu morrer em vez passará eternidade sem nós.

Além disso, o Seu sofrimento dá-nos conforto e consolação. Não há agonia e dor que possamos suportar que Ele não tenha já passado. Estás a sofrer dores físicas? Ele também estava. Tem uma dor de cabeça? A Sua cabeça foi coroada de espinhos. Sente-se só e abandonado? Todos os Seus amigos O abandonaram e negaram Nele. Sente-se envergonhado? Ele foi despido de tudo. Luta contra a ansiedade e o medo? Ele estava tão ansioso que suou sangue no Jardim. Já foi tão magoado por outros que não consegue perdoar? Ele pediu ao Pai que perdoasse os homens que Lhe cravavam os pregos nas mãos. Sente que Deus o abandonou? O Jesus exclamou: “Ó Deus, meu Deus, porque me abandonaste?”

Por isso, nunca podemos dizer: “Deus, Tu não sabes o que estou a sofrer!” Porque Ele pode sempre responder: “Sei, sim, meu filho amado. Já passei por isso e estou a sofrer contigo neste momento”.

É uma consolação para nós que sofremos, saber que a cruz traz-nos perto de Deus. Mostrou-nos as profundezas do amor infinito de Deus por nós, e o grande esforço que Ele faria para nos salvar. A cruz pagou a dívida dos nossos pecados para que possamos estar perante Ele, perdoados e redimidos!

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PADRE JOSEPH GILL

PADRE JOSEPH GILL é capelão de uma escola secundária e trabalha no ministério paroquial. É licenciado pela Franciscan University of Steubenville e pelo Mount Saint Mary's Seminary. O Padre Gill publicou vários álbuns de música-rock cristã (disponíveis no iTunes). O seu romance de estreia, Days of Grace, está disponível em amazon.com.

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