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nov 19, 2020 522 0 Deacon Doug McManaman, Canada
ENCONTRE

Descubra sua Verdadeira Identidade

Você é verdadeiramente, perfeitamente, magnificamente … aquele que Deus diz que você é!

Ondas de Desespero

Em 2011, pouco antes das férias de Natal, sofri uma doença misteriosa. Nenhum médico pôde determinar o que era. No dia 23 de dezembro, comecei a ter calafrios e tremer. Eu estava sentindo uma tremenda dor em volta da minha cabeça, pescoço e braços, então fui deitar, acreditando que isso passaria antes do dia de Natal. Mas, isso não aconteceu.

Eu estava na sala de emergência um dia após o Natal chamado de Boxing Day, ainda com muita dor. A dor passou da minha cabeça para meus ombros, desceu para os braços e para minhas pernas. O médico na Emergência pensou que poderia ser Polimialgia Reumática, na qual não há cura. Eles enviaram-me para casa com uma receita de analgésicos e prednisona.

À medida que a semana avançava, minha condição não melhorava e comecei a pensar que não voltaria à sala de aula. Não era apenas a dor física que eu estava enfrentando, eu também estava desesperado e me sentia deprimido regularmente. Eu não podia imaginar como eu viveria com isso pelo resto da minha vida.

Uma Oração Simples

Eu telefonava todos os dias para meu diretor espiritual. Teve um dia que eu disse a ele: “Deve ser isso que aqueles que eu ministro experimentam todos os dias”. Meu ministério como diácono é para aqueles que sofrem de doença mental. Essa aflição me fez lembrar por um momento, internamente, do caminho escuro e difícil que eles têm que percorrer ao longo de suas vidas. Apreciei profundamente a nobreza de suas vidas como compartilhadores dos sofrimentos de Cristo.Meu diretor espiritual pediu que eu orasse: “Em vossas mãos, Senhor, entrego meu espírito. Em vossas mãos, Senhor, entrego meu espírito”. Essas frases fazem parte da oração da noite do livro de liturgia, então eu tenho rezado essa frase há anos, mas quando fazemos certas orações com frequência, não relevamos o seu significado. Eu nunca pensei nessa oração no contexto da minha doença. Então, eu rezei essa oração com maior concentração. Em outras palavras: “Em vossas mãos, Senhor, entrego meu espírito; faça em mim segundo a vossa vontade, se for vossa vontade que eu nunca volte à sala de aula, que assim seja”.Naquela noite, dormi melhor e acordei com uma grande alegria. Eu ainda estava com muita dor, mas a escuridão foi dissipada. Logo depois disso, a dor começou a diminuir e, finalmente, depois que eu fui lentamente diminuindo a prednisona, pude voltar à ensinar por mais 8 anos. Nem meu médico de família, nem nenhum dos especialistas que fui descobriram o meu problema. A última especialista que fui garantiu-me que não era Polimialgia Reumática, embora ela não soubesse o que era, provavelmente apenas algum tipo de vírus.

Experiência no Sofrimento

Ao longo dos anos, olhei para essa experiência como uma grande bênção; um presente. Isso ajudou-me a ver os doentes mentais que visito de uma maneira diferente. Eu experimentei o que eles sofrem todos os dias, ano após ano. Obter um entendimento de sua situação era essencial para fazê-los compania no sofrimento, assim como meu diretor espiritual acompanhou-me durante aquele período difícil. É disso que trata a Encarnação da Segunda Pessoa da Trindade. Deus, o Filho, une a natureza humana a si mesmo e entra na escuridão humana. Ao fazer isso, ele  junta-se ao sofrimento humano.Ele veio para ser a luz em nossa escuridão e a vida em nossa morte, de modo que quando sofremos, não sofremos ou morremos sozinhos. Nós podemos buscá-lo no meio de nosso sofrimento, e da nossa agonia, e o que encontramos é uma misericórdia inesgotável que se une a nós e nos faz companhia em nosso sofrimento e morte.

Descubra o Verdadeiro Amor

A justiça divina foi revelada, na Pessoa de Cristo, como Divina Misericórdia. A misericórdia de Deus é revelada em sua paixão, morte e ressurreição. Embora não o mereçamos, Deus, que é a própria vida eterna, revela a sua misericórdia ilimitada, morrendo na cruz. Através de sua morte ele destrói a permanência, as trevas e o desespero da morte.Ele teria feito isso mesmo se você ou eu fosse a única pessoa que precisasse ser resgatada da morte eterna. Deus não ama a humanidade em geral, ele ama cada pessoa como se houvesse apenas ela para amar. Embora Deus não recebe a nossa atenção em todos os momentos de nossas vidas, cada pessoa tem sua atenção total em todos os instantes de nossa existência. É assim o quanto cada pessoa é amada por Deus. 

Dissolva Seus Medos

Esta vida é para aprender a descobrir esse amor perfeito. Muitos de nós temos medo de ser tocados por esse amor, pois é como o sol aquecendo tudo o que permanece sob seus raios. Ele reduz nossos ressentimentos mais profundos, mas para alguns de nós, essas queixas tornaram-se uma parte essencial de nossa identidade, por isso resistimos a esse amor. O amor perfeito de Deus também dissolverá nossos medos, mas algumas pessoas se apegam a essas apreensões porque sua postura de autodefesa é parte integrante de sua personalidade. Adotar esse amor requer renunciar à total independência para permitir que o Senhor nos guie como seus filhos. Abandonar ressentimentos, medos e total independência, pode nos deixar perdidos, mas é claro que não estamos perdidos. Nós fomos encontrados.A misericórdia de Deus revelada em Cristo – em sua encarnação, paixão, morte e ressurreição – é completamente e totalmente inesperada. Vemos essa Misericórdia na imagem da Cruz, mas precisamos permitir que a imagem de sua misericórdia incompreensível se mova de fora para dentro, de um objeto que contemplamos externamente, para uma luz e amor que conhecemos dentro de nós mesmos. Conseguir isso leva uma vida inteira, mas o dia que começamos a experimentá-la é o dia que começamos a viver.

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Deacon Doug McManaman

Deacon Doug McManaman é professor aposentado de religião e filosofia no sul de Ontário. Ele dá palestras sobre educação católica na Universidade de Niagara. Seu ministério como diácono é para aqueles que sofrem de doença mental.

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